domingo, julho 22, 2012

Os porquês e outras interrogações

Ou são eles que se apuram sempre que a mãe se ausenta, ou isto de ser mãe pia mesmo mais fino.
Pai a que praia vamos ? Que horas são em Nova Iorque? Podes fazer Hamburguers para levarmos ? Pai não há presunto para as sandes. Preciso de dois fatos de banho porque um é de substituição. Posso telefonar à mãe a saber onde está o meu fato? Podemos levar croquetes da Versalles ? Não sei dos meus chinelos. Agora és tu quem passa a ferro ? Posso levar a prancha ? O João diz que faz body-board melhor que eu, é verdade ? O que quer dizer "sem espinhas " ? Posso levar uma bola ? Eu sei lá pôr creme no António !!! Posso ir à frente ? Há Pringles ? Posso ser eu a ir à frente, o João é quem vai sempre. Hoje sou eu a dormir contigo. Ganda lata, hoje era eu. Falta muito para chegar? Que horas são em Nova Iorque? Posso ir para a água ? Tenho fome. Pões-me creme ? Tenho sede. Não sei da roupa. Quero o meu hamburguer. Vem comigo à água. A que horas a mãe acorda ? Posso ir com a prancha para aquele lado ? Qual é a minha sandes ? Quero ir fazer cocó. Estendes-me a toalha? Posso comer um gelado ? Aqueles navios são os que vimos antes de ontem ? Que avião é aquele ? Que horas são em nova iorque? A mãe já me comprou uma prenda ? Dás-me as batatas ? O que é o jantar ? Pode ser Sushi? Eu cá não gosto de Sushi. Primeiros a jogar quando chegarmos a casa. Temos que ser nós a arrumar as coisas da praia ? Já vamos embora ? Posso ir a última vez à água ? O meu fato de banho suplente ? Podemos convidá-los para dormir lá em casa ? Porque é que ele disse um pequeno passo para o homem um grande passo para a universidade ? Que horas são em Nova Iorque ? Então e agora, posso ser eu a ir à frente? Levas-me a prancha ? Porque é que há sempre fila ? Posso pôr as mudanças ? Posso jogar primeiro e arrumar depois ? A prancha pode ficar nas escadas ? A minha sandes de presunto ? Últimos a tomar banho. Temos mesmo que arrumar isto tudo ? Posso comer do jantar do António que o Sushi deixa-me com fome? Porque é que temos que ir já para a cama? Que horas são em Nova Iorque ?
Pronto. Estou convencido. As dores de cabeça ao fim do dia, não são mesmo desculpa esfarrapada.

quarta-feira, julho 18, 2012

Linha Vermelha

Demorou tanto que cheguei a pensar que mais depressa o Aeroporto chegava ao Metro que vice-versa. Afinal de contas era só fazer mais uns terminais e Entrecampos era quase ali. Acabou por ser uma extensão da linha vermelha, o que é bom porque liga o Aeroporto ao El Corte Inglês, permitindo que este funcione como câmara de compensação antes de vir à superfície da realidade nacional. Intriga-me o silêncio dos taxistas, porque os imaginava em protestos e em greves quando acontecesse a mais que necessária ligação. Ou sou eu que não os ouço, ou estão todos a concorrer a lugares de condutores de Metropolitano, para manterem o hábito de insultar todos os passageiros, que tendo entrado no Aeroporto, resolvam sair no bairro da Encarnação ou em Moscavide.

quinta-feira, julho 12, 2012

A democracia segue dentro de momentos

Por vezes a reflexão é como um novelo entrelaçado de ideias que puxam ideias. No meu caso é uma renda de Bilros, só para conferir uma certa animação suplementar ao acto de pensar. Reflectia eu sobre a greve dos médicos e sobre a pretensa insanidade de contratar médicos tarefeiros com base em critérios perigosos como o "mais baixo custo". Isto levou-me a pensar que a medicina foi, até aos dias de hoje, das poucas áreas poupadas às perversas práticas de body shopping. A medicina e a política. Mas a política ? Então porquê ? Porque os políticos ocupam cargos de duas maneiras: ou são eleitos ou são nomeados. Mas não podiam ser colocados por concurso segundo o critério "mais baixo custo"? Seria um atropelo à democracia, até inconstitucional. Acontece que este ano, a inconstitucionalidade de algumas medidas que contribuam para a redução do défice, é uma prática permitida pelo próprio tribunal constitucional e deixa de ser problema suspendermos a democracia por uns tempos. Façam-se concursos para o governo, para a assembleia, para todos os jobs dos boys, para as estruturas partidárias e para a presidência da república, e como critério de adjudicação escolha-se apenas e só o preço mais barato. Qual é o problema ? Corremos o risco de ver lugares determinantes para o futuro da nossa nação serem ocupados por pessoas sem qualificações para o fazer ou mesmo incompetentes ? Pois, isso seria uma grande novidade. Não sei se iríamos conseguir sobreviver a uma crise que envolvesse políticos incapazes, só para poupar uns milhões de euros. E depois o que faríamos a estes ? O gozo imenso de transformarem a adversidade numa oportunidade de vingarem no estrangeiro ? Pensando bem, isto de interromper a democracia por uns momento, é mesmo capaz de ser uma boa ideia. A Manuela Ferreira Leite é que sabia.

segunda-feira, julho 09, 2012

RABOS

Logo eu que sou tão liberal nisto da orientação sexual havia de me irritar com esta coisa da provocação gay. Como me irritaria a provocação heterossexual se esta roçasse o mau gosto e a brejeirice. Sou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da adopção por casais homossexuais, tenho amigos e amigas homossexuais, cresci sem sequer questionar a relação entre pessoas do mesmo sexo, e no limite até sou a favor do divórcio entre pessoas do mesmo sexo (embora neste caso tenha as minhas reservas). Mas façam-me o favor. Tal como para os Camarinhas que em cada gesto certificam a sua orientação sexual, ou como para as Jessicas Rabbits deste mundo, não tenho a menor pachorra para homossexuais que em cada gesto fazem questão de marcar a sua orientação sexual: em cada frase dita para uma audiência imaginária, a comer caracóis, a pegar no copo, a dobrar a toalha, a chamar o empregado para pedir a conta, a calçar os chinelos, a sentar-se, a abrir o chapéu de sol, a espalhar creme. Senhores, não é preciso um arco íris em cada gesto. Que mariquinhas pés de salsa. Não comento a questão estética das depilações mal amanhadas nem o guarda roupa de gosto questionável. Também não relaciono com outra coisa que não seja falta de educação a imprópria e desajeitada simulação de sexo oral em público. O gosto depende de cada um e a educação ainda não está ao alcance de todos. O que me tira do sério não são os homossexuais nem os heterossexuais, o que me tira do sério é esta mania de, hiperbolizar a orientação sexual. Senhores RABOS - Rabetas Assanhadas Bestialmente Orientadas Sexualmente - deixem-se de mariquices e portem-se como Homens Homossexuais. H maiúsculo nos dois casos caramba.

quarta-feira, julho 04, 2012

Quarteto de Cordas

Caro Pedro, Estimado Miguel, Querido Paulo, Excelentíssimo Aníbal Vamos lá ver se nos entendemos neste tema de servir a nação e representar a Pátria Lusa. Em primeiro lugar, ao aceitar ou ao candidatar-se para ocupar um cargo público custa-me a crer, que não estejam cientes que vão ter os olhos postos sobre o desempenho nesse mesmo cargo, e que estão sujeitos a elogios e a críticas. Nem todos os elogios são sentidos porque existe quem elogie por conveniência e nem todas as críticas são justas por haver quem critique por despeito. Não obstante, cabe a cada um de vocês distinguir trigos de joios e tirar lições daquelas que forem as críticas sustentadas. Ao Pedro relembro que, na condição de opositor ao governo e até de candidato ao lugar de primeiro-ministro, nunca se coibiu de acusar o seu antecessor de muitas das falhas que agora lhe apontam a si, nomeadamente de desrespeito pela palavra dada, de desatenção ao país real, de exagero nos sacrifícios exigidos ao povo, de ineficácia das medidas pouco reformistas que agravavam o estado da nação de PEC em PEC. Sendo verdade que não se esquiva no anúncio das duras medidas cujos resultados são tão maus como os do seu antecessor, esquiva-se a manifestações de desagrado e opta por portas dos fundos para não enfrentar o desconforto que a governação descuidada, ineficaz e cruel provoca no povo Português. Pedro, servir a nação é sobretudo uma honra e seria muito bom que usasse H maiúsculo. Veja o drama de cada um dos Portugueses e aja em conformidade. Quando, na rua, houver protestos dos que ilicitamente enriquecem e possuem fortunas e reformas imorais, talvez aí possa entrar em muitos locais pela porta da frente. Ao Miguel relembro que não basta ser sério, é preciso parecê-lo. E a sensação que dá é que nem uma coisa nem outra. Poucos acreditam que está isento de culpas na questão da jornalista do público, e que o curso num ano é uma derivação pouco conseguida das licenciaturas de fim de semana. Mais uma vez servir a nação é uma Honra e é condição necessária que se faça honrar, e que se essa honra estiver alguma vez em causa tudo deve ser feito para esclarecer dúvidas. Explique o Público, as Secretas, a licenciatura. Explique-se homem que é o seu dever. Ao Paulo que levou a seleção de futebol até à meia-final quero dar a mesma novidade que dei ao Paulo e ao Miguel. Servir a Nação é uma Honra e ao contrário do que disse, não há direitos e deveres nem a sua posição é de equilíbrio com a dos jornalistas. Como selecionador praticamente só tem deveres e poucos direitos. Tem o dever de honrar Portugal, o dever de saber ouvir críticas e não ficar ofendido porque sabia de antemão que elas iam acontecer, tem o direito de dar a sua opinião, mas tem o dever de não amuar e de impedir amuos das prima donnas que dirige. Faz parte do papel que desempenha e não está a fazer nenhum favor a ninguém. Ninguém lhe pede a outra face, apenas e mais uma vez que cumpra com o dever de sair da competição com a consciência do dever cumprido, de fazer jogar 23 artistas como uma equipa, e de esclarecer os seus pontos e vista e as suas opiniões sem amuos, irritações e partes gagas de duas orelhas e uma boca. Não me parece que ninguém o tenha obrigado a ser selecionador e todos os deveres são para cumprir, é que caso não tenha reparado, estiveram milhões de portugueses entusiasmados com a seleção e os seus amuos e os silêncios dos jogadores não contribuíram para coisa nenhuma. Aníbal, que raramente se engana e nunca tem dúvidas, o que se passa consigo? Não se lembra quem esbanjou fundos comunitários e em vez de nos tornar um país competitivo, transformou-nos numa rede de auto estradas sem agricultura e sem indústria? E não se lembra que há um limite para os sacrifícios? Deixou novamente de ter tempo para ler jornais? Não fuja dos desagrados como o Pedro, não deixe de explicar como o Miguel e não amue como o Paulo. Olhe lá por nós e emende essa mão. Lembre-se caramba.