sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Pra cima pra baixo ao som do contrabaixo

Surpreende-me a quantidade de telemóveis que são vendidos neste país. Pergunto-me o que leva cada Português a adquirir o seu 5º ou 6º telemóvel. O que é que fazem aos que ficam para trás?
As operadoras justificam este fenómeno pela adesão às novas tecnologias. A fotografia, o vídeo, o 3G, os toques polifónicos e os MPMuitos. Não acredito que seja pela tecnologia. Os portugueses dão-se mal com essa coisa da tecnologia. Por regra dão-se muito mal. Os elevadores são disso exemplo. Os portugueses não gostam de elevadores. Aquilo de carregar num botão para chamar o elevador não é coisa fácil. Para já, os elevadores modernos têm dois botões e para que não haja dúvidas o melhor é carregar nos dois. Aquilo de carregar para baixo se se quer ir para baixo e carregar para cima se se quer ir para cima é uma prática ditatorial. Então eu antes de entrar no elevador tenho que saber se quero subir ou descer ? Tenho que ter um plano de deslocação ? Nããããã. Eu cá só decido à posteriori. E se a luz de chamada já estiver acesa ? A bem a bem, o melhor, é carregar novamente para o caso do elevador se ter esquecido. E depois quando o elevador chega, como é que eu sei se o bendito vai para baixo ou para cima ? Não sei. Ele tem lá umas flechas luminosas, mas todos sabemos que as luzes não querem dizer nada. O meu microondas também tem uma luz e isso em princípio não me dá qualquer informação. Pelo sim pelo não entro no elevador e só depois é que carrego no meu destino. A probabilidade de ir na direcção correcta é 0,5, e nada de mal me há-de acontecer se for no sentido contrário. Depois há aquela mariquice de ter que esperar que os outros saiam para entrar. Isso não é comigo. Primeiro há que entrar e depois logo se vê quem é que consegue sair. Uma vez lá dentro, é rezar para que a viagem chegue ao fim e assistir a pelo menos a três inversões de marcha, duas paragens por excesso de peso e ouvir alguém a peidar-se uma vez. Há poucas coisas melhores que o peido no elevador.
Os elevadores são um ícone do apreço que os portugueses têm pelas tecnologias. Não me venham portanto dizer que compram telemóveis uns atrás dos outros pelo fascínio que têm por tecnologia. O anda por trás deste mistério ? Onde andam os outros aparelhos abandonados ? Será um mistério parecido ao dos pares das peúgas ? Será que existe um planeta onde vão parar todos os telemóveis que já não usamos? Será Deus que os usa para telefonar à Alexandra Solnado ? Se sim, qual o operador ? Com que tarifários ?

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