sexta-feira, outubro 20, 2017

Cinza escuro como a paisagem

Sobre os incêndios pouco terei a acrescentar, tamanha a proliferação de especialistas na matéria que surgem após cada catástrofe. Pudessem nascer árvores à razão a que nascem entendidos em responsabilidades políticas, em ordenamento florestal, em prevenção e em combate aos incêndios. Pudessem crescer essas árvores à velocidade a que cresce o aproveitamento político da tragédia. Depois deste verão e outono, urgia convocar a chuva, a política competentes e a honestidade política. A chuva foi, evidentemente, a primeira a aparecer.

terça-feira, outubro 03, 2017

Vamos a votos

O bochechas votou E lá foi ele. Sem os pais, mas não sozinho. Bem o tentei convencer apelando ao coração, que quando ele era pequeno o levava comigo para a mesa de voto e que até o deixei votar no boletim das sondagens à boca da urna. Nada feito. “Vou com amigos”. O bochechas foi votar e ainda por cima sozinho. Sozinho no sentido de acompanhado, mas sem ser pelos pais. Só faltou dizer “mais vale só que mal-acompanhado”. O incauto deve ter feito asneira, deve ter votado mal, ou branco, ai Meu Deus ou pior ainda, será que votou nulo? N
ulo_que_coisa_horrível_malcriadão_a_desenhar_vergonhas_no_boletim, ou pior ainda, terá votado à direita? Deus me perdoe, antes um zé bastos com um testículo no PCTP MRPP e o outro no PAM, que um voto à direita. Parece impossível. Inconsciente que lhe tentei explicar tudo, os três boletins, cada um de sua cor, os órgãos para os quais ia votar e as competências de cada órgão. Confesso que tive dificuldade em explicar-lhe as propostas de cada força para a cidade e para a freguesia. Mas também, bolas, ele havia de as saber procurar. Enfim votou, no Filipa de Lencastre. Por falar em Filipa de Lencastre, estranhei que o movimento “Chega de Moradas Falsas” do agrupamento escolar não tenha marcado qualquer ação de protesto durante o dia das eleições. É que deve haver muita gente com morada falsa só para poder votar no Filipa. Pareceu-me uma oportunidade perdida para o movimento se fazer ouvir e para acrescentar mais uns quantos nomes à queixa crime entregue ao DIAP. Eu, pessoalmente, até acho que o critério da proximidade deve ser considerado para colocar alunos numa escola. Por outro lado, não sei se prefiro que os meus filhos tenham como colegas uns miúdos que moram um bocado mais longe e que têm uns pais xicos-espertos com imaginação para mudar a morada ou arranjar um encarregado de educação residente no bairro, ou se, por outro lado,
prefiro que eles tenham como colegas os filhos de uns pais meio assanhados com a xica-espertice dos outros, que apelam ao respeito pelas regras em comunicados nos carros, nos postes da rua, na caixa do correio, e que entregam uma queixa crime contra os xicos-espertos. Tenho cá as minhas dúvidas se não seria melhor critério, uma entrevista aos pais das crianças que pretendem frequentar a escola. Uns psicotécnicos parentais. Cheira-me que os meus iam parar à C+S de Paio Pires ou coisa que o valha.