terça-feira, abril 13, 2010

Sobressalto

Num sobressalto, como quem acorda no sonho da interminável queda. Ofegante, coração acelerado, a dez, a cem, a mil. Frio e calor em idênticas proporções. Assaltam-lhe as imagens como num trailler, planos curtos de cadência certa, o ritmo exacto de todas as cenas. Espectador da imensa ficção. E se é real? E a espera? É a espera que também o atormenta. E se num repente desespera? E se num outro sempre alcança? E se no filme se vê a si criança, se torna herói, se faz amante, se se transforma de aventureiro em foragido? Agora espera. Agora espera, o que é que espera? Espera lá, e se é um espelho? O que me espera? Respiro fundo, conto até três. Diz trinta e três, e que embrulhada, que trinta e um. E esta gente toda aqui à volta, não faz nada, não faz nenhum? Agora grito, agora deixo, agora bato, agora fujo e agora volto. Não há cansaço, não há tempo, não tenhas medo, deixa-te disso, reúne tropas, ganha energias, é tempo de carregar as baterias, há quanto tempo? Agora salto, agora avanço, agora super herói sem descanso, agora luto. Agora sim. Agora nós.

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