segunda-feira, março 01, 2010

Pasmaceira

Isto os médicos são meios estranhos. Agora, em exames de rotina, espetam-me um electrocardiograma ou medidor de pulsações contínuo que vai andar aqui 24 horas a medir sabe-se lá o quê. Resultado: ando numa pasmaceira que até me irrita, mas não devia, ou corro o risco desta coisa aos apitos.
Fui calmamente trabalhar, e no trajecto, parecia um profissional da condução de Domingo. Fiz três quilómetros atrás de um TIR carregado e cheguei a atingir 30 km/h. Deixei passar toda a gente nas passadeiras e não buzinei à senhora das muletas que atravessou na diagonal. Nas rotundas, deixei esvaziar todos os afluentes até entrar e demorei uns 40 minutos para lá do que seria necessário até chegar ao emprego. Mas não me enervei nem um bocadinho.
Já no trabalho, entrou um senhor aos berros com a minha equipa e até lhe pedi de forma muito tranquila, que usasse os canais criados para o efeito (entenda-se comunicar a desconfiança que algo não está de acordo com o estipulado).
À noite hei-de estar harmoniosamente em família. Os Marias vão a jogar à bola no corredor, formatar o disco do meu computador, destruir-me a Farmville e até podem fazer enchidos no tubo do aspirador, que eu muito pacientemente hei-de pedir-lhes para estarem um tudo nada mais sossegados.
Este aparelho aparentemente só mede, mas faz mais que uma caixa de valiuns. Acalma muito. O problema é que nos transforma nuns sabonetes, mosca mortas, capazes de verter baba, alforrecas, songamongas muito, mas muito irritantes. Não há-de faltar muito para o tirar do pescoço e arrancar os fios das mamas, que pareço uma playstation muito wire e pouco less, e ligar esta coisa ao segurança aqui da entrada que, esse sim, tem os batimentos cardíacos de um pargo congelado e demora 10 minutos a entregar um simples cartão de acesso. Amanhã cedo, saco-lhe o engenho e entrego-o conforme combinado para a leitura e interpretação adequada.

2 comentários:

Cláudia Paiva Silva disse...

Mas eles pedem que nós façamos a nossa vida normal com a geringonça no braço... Tipo, subir escadas, fazer exercício, estarmos parados, estarmos a andar.. etc etc etc.. Apita? Pois que apite que eu sou uma pessoa muito nervosa que ferve em pouca água. LOL.

dina disse...

anda na pasmaceira, anda na pasmaceira!!
eu aindei no ritmo normal e o raio do aparelho deu um resultado que parecia um fogo de artificio cheio de pontos de exclamação, consegui que aquilo acalmasse hora e meia durante o sono...
graças a isso o homem leu-me a sentença de morte, associada ao colestrol alto e ao peso alto e a não querer fazer exercicio e talvez a não lhe estar a ligar nenhuma