pareço esquecer-me o quanto gosto do disco "Por este rio acima" do Fausto, que o acho um dos melhores discos de música portuguesa. E quando um acaso, me leva por este rio acima, é como um sonho acordado ...
sexta-feira, fevereiro 29, 2008
terça-feira, fevereiro 19, 2008
Ziguezaguear
É na rotina que me surpreendem. A rua comprida de vivendas de um lado e do outro, quase quase a chegar à escola, curvas suaves e alegrias. As poças de água a pedirem uma onda com as rodas do carro, e a gritaria lá atrás: “para a esquerda, para a direita” e lá vou eu ziguezagueando o carro para euforia dos ocupantes lá de trás. Agora o mais pequeno desenvolveu o gosto pela buzina e também ordena buzinadelas entre cada ziguezague: “Buzina pai, buzina”. Se um dia for multado às oito e meia por andar aos esses, a buzinar, e a fazer ondas nas poças da rua, será certamente uma multa bem merecida, mas por causas muito saboreadas.
Hoje, além das poças estarem particularmente apetitosas, capazes de ondas mais altas que o carro, a conversa assumiu contornos difíceis de explicar:
Maria1 – Eu quando era pequeno achava que os bebés apareciam do nada
Maria2 – Não sabias que vinham do sexo ?
(aqui ia tendo um desastre)
Maria1 – Não. Achava que vinham do nada. Agora já sei que vêm do sexo, não é pai ?
Eu – Pouco barulho que eu quero ouvir as notícias.
Maria1 – É do sexo sim.
Maria2 – É por causa disso que eu vou viver sozinho.
Maria1 – Eu não. Que eu quero ter filhos, e depois, se fores viver sozinho não tens ninguém para brincar. Acabas por te chatear e ficar triste.
Maria2 – Não chateio nada.
Eu – Já chegámos meninos, vamos para a escola.
Mais do que o teor da conversa, preocupou-me o silêncio atento e cognitivo do Maria3.
Hoje, além das poças estarem particularmente apetitosas, capazes de ondas mais altas que o carro, a conversa assumiu contornos difíceis de explicar:
Maria1 – Eu quando era pequeno achava que os bebés apareciam do nada
Maria2 – Não sabias que vinham do sexo ?
(aqui ia tendo um desastre)
Maria1 – Não. Achava que vinham do nada. Agora já sei que vêm do sexo, não é pai ?
Eu – Pouco barulho que eu quero ouvir as notícias.
Maria1 – É do sexo sim.
Maria2 – É por causa disso que eu vou viver sozinho.
Maria1 – Eu não. Que eu quero ter filhos, e depois, se fores viver sozinho não tens ninguém para brincar. Acabas por te chatear e ficar triste.
Maria2 – Não chateio nada.
Eu – Já chegámos meninos, vamos para a escola.
Mais do que o teor da conversa, preocupou-me o silêncio atento e cognitivo do Maria3.
segunda-feira, fevereiro 04, 2008
Semana que passou
Eventualmente, um acto de preguiça, não escrevi na semana passada.
Não escrevi que levei o Manel Maria ao futebol. Eu, Benfiquista dos sete costados, levei-o ao Sporting Porto. Isto do amor incondicional aos filhos, leva um homem a contrariar as suas crenças estruturantes, o seu ADN, a sua cadeia de valores. Bem sei que se tratava de uma oportunidade para camarote VIP, o que trazia alguma novidade à forma de ir ao futebol, mas sem hesitações, peguei no mais novo Sportinguista lá de casa e cumpri a promessa feita já há algum tempo. Camarote connosco, buffet, varanda no estádio e a festa do loiro dos caracóis. Contagiante pois claro, ao ponto de festejar os golos como se fossem do Rui Costa e do Nuno Gomes. Euforia de seis anos a delirar com o ambiente. "É a minha camisola que dá muita sorte pai." Foi de certeza a camisola Nhó, porque sorte foi o que não faltou naquela noite.
Uma semana vivida a mil, turbilhões e burburinhos. E de repente, é o sol que me surpreende, anda a pôr-se perto das seis, garantia da luz estonteante por entre as nuvens e o mar. Parecem trivelas do Quaresma, a magia dos fins de tarde.
Falar em Sol, falar em Sporting, há um leão lá por casa. Uma grande juba laranja e uma cauda, que na rua vai sempre na mão para não se sujar. Uma vez mascararam-me com um fato de gato que tinha uma grande cauda, da qual eu tinha pavor e da qual fugia de uma ponta à outra da casa. No fim de cada fuga olhava para trás e lá estava a cauda agarrada ao fato, razão suficiente para nova correria e berreiro. Já com três anos o meu QI era em tudo semelhante ao de um poste telefónico. Além do Leão, há um Luke Skywalker e um Darth Vader, sabres de luz para todos, até para o Leão. Na sexta feira foram assim mascarados para o colégio, devidamente acompanhados de serpentinas e papelinhos. Se alguma vez me passasse pela cabeça ser professor primário, a existência desta sexta feira resolvia eventuais dúvidas. Não faz parte do meu feitio encontrar papelinhos na roupa e no cabelo durante toda a Quaresma. No cabelo ? Qual cabelo ?
Tenho estado na cozinha às voltas com os tachos. Gosto e tendo a sujar roupa a menos que me coloquem um avental. Nunca sou eu a fazê-lo, não me lembro nunca de ir buscar o avental. Só depois de asneirar é que me lembro da sua utilidade. Nos últimos dias, a novidade é verde, influência garantida do Sporting. Tenho feito saladas, com queijo parmesão, cogumelos e nozes. Ficam boas se temperadas com vinagre balsâmico, quase que nem se dá pelas folhas verdes da alface e da rúcula.
Não escrevi que levei o Manel Maria ao futebol. Eu, Benfiquista dos sete costados, levei-o ao Sporting Porto. Isto do amor incondicional aos filhos, leva um homem a contrariar as suas crenças estruturantes, o seu ADN, a sua cadeia de valores. Bem sei que se tratava de uma oportunidade para camarote VIP, o que trazia alguma novidade à forma de ir ao futebol, mas sem hesitações, peguei no mais novo Sportinguista lá de casa e cumpri a promessa feita já há algum tempo. Camarote connosco, buffet, varanda no estádio e a festa do loiro dos caracóis. Contagiante pois claro, ao ponto de festejar os golos como se fossem do Rui Costa e do Nuno Gomes. Euforia de seis anos a delirar com o ambiente. "É a minha camisola que dá muita sorte pai." Foi de certeza a camisola Nhó, porque sorte foi o que não faltou naquela noite.
Uma semana vivida a mil, turbilhões e burburinhos. E de repente, é o sol que me surpreende, anda a pôr-se perto das seis, garantia da luz estonteante por entre as nuvens e o mar. Parecem trivelas do Quaresma, a magia dos fins de tarde.
Falar em Sol, falar em Sporting, há um leão lá por casa. Uma grande juba laranja e uma cauda, que na rua vai sempre na mão para não se sujar. Uma vez mascararam-me com um fato de gato que tinha uma grande cauda, da qual eu tinha pavor e da qual fugia de uma ponta à outra da casa. No fim de cada fuga olhava para trás e lá estava a cauda agarrada ao fato, razão suficiente para nova correria e berreiro. Já com três anos o meu QI era em tudo semelhante ao de um poste telefónico. Além do Leão, há um Luke Skywalker e um Darth Vader, sabres de luz para todos, até para o Leão. Na sexta feira foram assim mascarados para o colégio, devidamente acompanhados de serpentinas e papelinhos. Se alguma vez me passasse pela cabeça ser professor primário, a existência desta sexta feira resolvia eventuais dúvidas. Não faz parte do meu feitio encontrar papelinhos na roupa e no cabelo durante toda a Quaresma. No cabelo ? Qual cabelo ?
Tenho estado na cozinha às voltas com os tachos. Gosto e tendo a sujar roupa a menos que me coloquem um avental. Nunca sou eu a fazê-lo, não me lembro nunca de ir buscar o avental. Só depois de asneirar é que me lembro da sua utilidade. Nos últimos dias, a novidade é verde, influência garantida do Sporting. Tenho feito saladas, com queijo parmesão, cogumelos e nozes. Ficam boas se temperadas com vinagre balsâmico, quase que nem se dá pelas folhas verdes da alface e da rúcula.
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