É sabido que os fins de semana são tendencialmente bem vindos. É também verdade que o Natal é tendencialmente uma quadra em que muito se fala de paz e de alegria. Partindo destes dois postulados, não consigo perceber porque é que o fim de semana que antecede o Natal é este inferno, e de forma consistente. Nada tem a ver com este ano, nem com a crise, nem com os juízes do palácio Raton, nem com a ida ao estádio ver o Sporting jogar mal, nem com o frio, nem com os duodécimos que já lá vão, nem com nada. Este é consistentemente um fim de semana de deixar qualquer um de rastos. Porque o simples facto de sair à rua é uma aventura, andar de carro uma loucura, entrar numa loja uma proeza, sair da loja um milagre e embrulhar uma prenda uma benção divina. Por esta altura, há 2014 anos atrás, já a Maria andava com contracções e com alguns dedos de dilatação e estou em crer que se ela soubesse o que aí vinha rebentavam-lhe as águas ainda a caminho de Belém. Na escala do Pingo Doce que vai do Banco Alimentar ao 1º de Maio, este é claramente um fim de semana em 1º de Maio contínuo e generalizado mas sem a CGTP na Alameda. Findo o dito, já só quero que o Natal chegue e bem depressa se for possível. Não se confunda esta minha alergia ao fim de semana que antecede o Natal com alguma alergia ao próprio Natal. Nada disso, eu gosto do Natal e bastante. Mesmo com as operações da GNR, mesmo com o "Sózinho em casa" e a "Música no Coração", mesmo com o Natal nos Hospitais, mesmo com os jantares de Natal e os amigos surpresa. Eu gosto do Natal, pela minha rica saúde. Palavra de honra, só queria mesmo é que este fim de semana fosse, assim de um forma muito democrática, proibido, banido, entroikado, qualquer coisa que impeça que este flagelo se perpetue. Acabem-me com este fim de semana antes do Natal.
Obrigadinho e já agora, votos de um feliz natal.