terça-feira, janeiro 29, 2013

Recado na Caderneta


Excelentíssima professora:
Tendo um profundo apreço pelo seu método de ensino, e reconhecendo a importância dos petizes conhecerem os principais cursos de água deste país, venho por meio desta sugerir-lhe que nos próximos trabalhos de casa, peça às crianças para saberem tudo sobre outro rio que não o Sado. Entendo que a bacia do Sado seja particularmente interessante, bonita, com golfinhos e Arrábidas e Tróias, e que o Sado nasça na Serra da Vigia, que será porventura um local de beleza inigualável do Alentejo, mas havendo tanto rio neste país, podia escolher um em que o Google não sugira imagens de Sado-Masoquismo.
Nada tem a ver com uma eventual tentativa de afastar determinados temas da educação das crianças, mas é que aquela imagem de senhores e senhoras vestidos com roupa interior em coro, chicotes e correntes distraia-os muito do tema fluvial. Em vez de quererem falar dos afluentes e da foz, insistem em obter explicações sobre aquelas sugestivas práticas. Neste contexto, reforço o meu pedido para que a senhora professora eleja o Mondego como rio para trabalho de casa. Mesmo não tendo golfinhos.
Pedia-lhe ainda o favor de, caso o tema venha à baila, ajudar a explicar porque é que há pessoas que gostam de misturar alguma dor com coisas que lhes dão muito prazer.
Só mais uma coisa, se ele disser que é como estar a comer esparguete à bolonhesa e gostar de levar uma vacina ao mesmo tempo, não ligue. São coisas de criança.

quinta-feira, janeiro 10, 2013

FMI

E em vez dos Reis, o início do ano brinda-nos com um relatório do FMI com fórmulas indicadas para a poupança de 4000 milhões de euros na despesa. Aparentemente, o estado está a viver acima das suas possibilidades no que toca a políticos, forças de segurança, militares, professores e profissionais de saúde e a solução passa por gastar menos em todas estas áreas.
Não vou comentar a essência de um documento de recomendações que é anunciado ao país por iniciativa de um jornal, que gera comentários contraditórios entre elementos do governo e que aparentemente foi construído com base em pressupostos errados. Só comento conteúdos  certificados pelo Professor Doutor Oliveira Gaspar.
Neste contexto, resta-me partilhar algumas preocupações. Preocupa-me, por exemplo, se os possíveis cortes na despesa com a classe política envolvem retirar a conta de facebook a Aníbal Cavaco Silva. O senhor quase não comunica connosco, excepção feita ao canal da rede social, se lhe retiram a conta como saberemos que ele continua sem nada para dizer?  A Assunção Cristas está de esperanças (esta história de rezar tanto para chover tinha que dar asneira) e já não cabe nos saia casaco do ano passado. Eu espero que haja o bom senso de deixarem a senhora renovar o guarda roupa para que possa exibir tanta esperança sem vergonha. Por outro lado, existe esta questão da taxa de alcoolemia dos deputados. Já se viu do que eles são capazes quando estão sóbrios, se calhar é feliz a ideia da deputada que foi apanhada a conduzir ligeiramente alterada: impeçam a entrada no hemiciclo de qualquer deputado que não tenha pelo menos uma taxa de 1,5 gramas de álcool por litro de sangue. Quem sabe assim chumbem qualquer medida proposta no âmbito deste documento do FMI que provavelmente também foi redigido sob o efeito de estupefacientes.
Expostas algumas das preocupações, resta-me rezar para que o supra citado documento seja inconsequente. Obviamente não me ajoelho por dois motivos:
1. o Senhor lá em cima já não vai para novo e pode não ver bem. Lá cima apanha-me a rezar, confunde-me com a Cristas e desata a chover. E já chega de chuva por ora.
2. Para não engravidar