quarta-feira, abril 08, 2020

Apocalipse - Dia sétimo


Se há coisa que cresce, além da ansiedade, durante uma quarentena, é o cabelo. Mesmo em carecas que ainda ficam pior com gadelha do que qualquer outra espécie, porque há zonas sem qualquer cabelo e outras com cabelo ridiculamente compridos. Normalmente atrás e dos lados sendo que o pólo norte está um deserto capilar. Os cabelos dos miúdos também crescem desalmadamente e começou a tomar corpo a ideia que, o melhor mesmo, era  comprar uma máquina de cortar cabelo e fazer a manutenção capilar em casa.

Chegou ontem e, nem passadas 24 horas, já há uma corrente de pensamento que defende que nunca deveria ter chegado. A rainha e o Maria dos caracóis não aderiram à iniciativa. O bochechas, o sirenes e eu decidimos dar uso ao artefacto. Sabiamente, o mais velho cortou atrás e nas laterais deixando a parte de cima, farta mas bem cortada. Foi uma intervenção calculada e correu bem.

O mais novo, optou por um modelo avatar dita, para imensa alegria da matriarca cá de casa que só não foi com uma síncope para o hospital porque nesta altura o melhor é evitar situações delicadas de saúde que convidem a uma ida às urgências.
A besta rapou a cabeça e deixou uma seta no alto da dita.

Eu ia fazer um corte exactamente igual ao que faço no barbeiro. Pente quatro em cima, pente três dos lados e atrás. Eu não sei que merda de escala é que a porcaria da máquina tem, mas de certeza que não é igual à do meu barbeiro – “barbeiro do bairro”. Na primeira passagem até me ia cuspindo quando olhei para o espelho. Aquilo estava a cortar aos soluços (atente-se que nada tem nada a ver com tremeliques a cortar) ou lá que era , que mais parecia uma ovelha com uma doença dermatológica com bocados de lã a cair e outros intactos. Lá fiz uma segunda passagem devidamente assistido pelo mais velho e aquela porcaria tem mesmo a escala desajustada. Só pode. Nem nos tempos de tropa senhores. Fiquei tão mais careca, que a parte mais comprida do meu penteado são os cinco cabelos do pólo norte que resistiram à passagem da máquina. Estilo cebolinha.

Portanto, feitas as contas, depois da chegada da rebarbadora temos uma mãe e um filho com cabelos compridos, um avatar, um cebolinha e um com um ar meio rabeta.
Um dia destes vamos pintar o cabelo à mãe e há vários artistas inscritos para participarem na actividade criativa. Vai, com certeza, ficar um espectáculo.    

1 comentário:

Cheila P disse...

Socorro😂🤣😂 diante de tantos talentos, eu,fosse a mãe, consideraria uma bandana:)