quarta-feira, julho 27, 2011

Euro2004

Senhores investigadores que há 7 anos desmantelaram uma célula que se preparava para fazer um ataque ao estádio do Dragão (até me custa escrever este nome):
Muito obrigado. É que o atentado ia ser no único dia em que eu fui ao estádio coiso. E a coisa correu tão mal. Jogo de abertura do euro. Uns pompons azuis que é uma cor que não vai nada bem comigo no que toca a futebol. A descoberta que o estado do coiso é o mais bonito de todos. Uma equipa grega armada em parva que resolveu ganhar doisaum, e que depois ainda viria a repetir a graça na Catedral. Muita bem feita, levaram o caneco do Euro2004, mas agora andam às aranhas com a crise, o défice e a Moody’s que graças a Deus, são coisas que a nós portugueses, não afectam. Um dia para esquecer portanto, e só faltava mesmo ser apanhado num atentado e esticar o pernil nos escombros do estádio coiso. Eu já sofro pouco com o que ali se passa, seria de uma estúpida ironia, que tamanha desgraça me acontecesse.
Confesso que a mim também já me apeteceu implodir o estádio coiso sobretudo por causa daquela estranha mania que eles têm de ganhar tudo como se não houvesse amanhã que eles têm. E até pensei falar com a Sónia Brazão a ver se ela tinha alguma ideia de como implodir aquilo. Agora que ninguém me convence que ela e o Lord Voldemort não são a mesma pessoa, achei que um feitiçozinho a coisa fazia-se. É certo que me passaram essas ideias pela cabeça, mas rapidamente as afastei e acho por bem que o estádio do coiso fique por lá a ver se um dia eles desligam as luzes e ligam a relva quando o Glorioso ganhar lá um campeonatozinho.
Neste contexto queria agradecer portanto aos ilustres investigadores que desmantelaram a célula terrorista e deitaram por terra os planos de um ataque terrorista ao estádio coiso. Da única vez em que eu queria muito que a equipa da casa ganhasse. Pumba.

segunda-feira, julho 18, 2011

Berças

Este fim de semana fomos às berças. Berças de beiras, de berço, de origens, de tantos verões, de outras tantas Páscoas. Gosto de os ver parecidos comigo a passear na aldeia, sem rumo certo, a ver de cães e galinhas que por ali andam e a dizer bom dia a toda a gente. Gosto da conversa com quem gosto. No café que foi taberna, na casa do lado, na casa de cima. Gosto de casas com sotãos, adegas, histórias e afectos. Divirto-me nas dúvidas deles:
- Já estamos no meio rural? As pessoas aqui já se conhecem todas ?
- Tibaldinho com tanta coisa, abastece Lisboa ?
A ida ao rio, três quilómetros de estrada até às termas, ainda é o que mais entusiasma. Tantas idas a pé até lá, tantas vindas cansados a sonhar com a boleia de um tractor ou de um carro com espaço para muitos. Hoje, a ideia de pedirem boleia a estranhos até me arrepia. Há trinta e cinco anos era a mais desejada das ajudas, nem que fosse no último quilómetro.
Como qualquer ida às berças, o regresso fez-se com a companhia de sacas de legumes. Trouxemos batatas, cebolas e abóbora na saca, sorrisos na cara e cansaço no corpo.

quarta-feira, julho 13, 2011

Medicina do Trabalho II

A culpa foi da enfermeira da medicina do trabalho:
"Vamos então despir da cintura para cima"
ao que não resisti a responder
"Vamos sim senhora. Quem é que começa? Eu ou você?"
"Não era isso que eu queria dizer !!!"
"Mas juro-lhe que foi isso que ouvi."
"É hábito da profissão."
"Antes assim, então dispo só eu."
Estranhamente a simpatia inicial desapareceu, mas aposto que vai ter muito mais atenção na conjugação verbal. O que é curioso é que há uns anos atrás com o "Vamos fazer xixi para este frasquinho, aconteceu a mesma coisa."

terça-feira, julho 12, 2011

Viagens nos meus sentidos

Máquina do tempo. Memória a percorrer distâncias e num infinitésimo, estamos outra vez numa marca do tempo. São os sentidos que a disparam. Um cheiro, um som, uma imagem, um nó na garganta e depois um turbilhão de lembranças a construir um passado. Num passe de mágica as 5000 peças do puzzle da memória reúnem-se em encaixe perfeito no instante imensurável. E de puzzle feito entramos nele e despertam outros sentidos. Com a força da alavanca dura o tempo de um abraço. Sorrisos e nós na garganta. E nós sem sabermos que força é aquela. É a máquina do tempo, sem aviso. Apressada. Hoje estou que não me tenho

quarta-feira, julho 06, 2011

Grande Mulher

Os dois últimos deputados a abandonar o parlamento estão em extremos tão opostos e contudo integravam o mesmo grupo parlamentar. Ela íntegra, ele um fantoche político, ela a lutar para lá do que a força lhe permitia, ele a desistir à primeira contrariedade, ela fiel aos princípios, ele nos princípios da infidelidade ideológica, ela política a abraçar de forma imensa as causas sociais, ele desastrado na política a abandonar a função cívica. Ela a deixar-nos uma lição de vida e de força, ele a deixar-nos um tremendo equívoco. Ela foi tudo o que um político deve ser, ele não. Como sempre, brutal e arrasadora, a doença arrancou-a à força de uma vida plena. Genial e incomum. Grande Homem esta Maria José Nogueira Pinto.