sexta-feira, setembro 29, 2006

O 253º efectivo

Diz ali num jornal on-line que Portugal vai continuar a apoiar Timor-Leste. No desenvolvimento da notícia, refere-se o facto de Portugal passar a ter um contingente de 252 efectivos na actual Missão Integrada da Organização das Nações Unidas em Timor-Leste.
Tá bem que em 75 saímos de lá assim com a coisa mal resolvida, mas mal voltámos costas, começámos logo a apoiar Timor como se não houvesse amanhã. Apoiámos a Resistência, acolhemos os refugiados no Jamor, apoiámos o referendo, mandámos um barco cheio de jovens aventureiros para águas internacionais que inverteu a marcha assim que avistou a armada Indonésia, cantámos muitas vezes uma música do Trovante, atirámos flores aos riachos, fizemos uma data de minutos de silêncio, compramos café Delta para construir escolas. Caramba. Desde que me conheço que apoio Timor-Leste. Mas a paciência tem limites. Agora que se tornou uma nação independente, desatam todos ao estalo uns com os outros. Aquele povo de bigodinho penugem parece não se entender, nem querer fazer por isso.
Eu acho bem que os apoiemos mais uma vez, mas só mais uma vez, senão também é abuso. E para provar o que digo, acho que devíamos passar a ter um contingente, não de 252 efectivos, mas de 253. Portugal tem um engenheiro empreendedor a comandar os seus destinos, está na altura de nos ultrapassarmos no apoio à jovem nação e de cedermos a Timor Leste um engenheiro à altura do desafio que este povo tem pela frente. O 253º efectivo. O Engº Fernando Santos.

quinta-feira, setembro 28, 2006

SG (green)Light

Zapping. RTPN. Trio de Ataque. Painel de comentadores. Pelo Sporting. Sérgio Godinho. Quem ?
“Querem lá ver que os miúdos me avariaram a televisão?” Foi a minha primeira reacção. Foi uma dupla surpresa. O contexto genérico do desporto rei e a especificidade leonina. Sérgio Godinho rima com o Porto na origem, e com o Benfica no conteúdo. Pasme-se! O escritor de canções é do Sporting. Não lhe diminuo a admiração por este facto, apenas estranhei.
Nunca pensei que o “Espectáculo”  tenha sido escrito com Alvalade como pano de fundo
“Quando
tu me vires no futebol
estarei no campo
cabeça ao sol
a avançar pé ante pé
para uma bola que está
à espera dum pontapé
à espera dum penalty
que eu vou transformar para ti
eu vou
atirar para ganhar
vou rematar
e o golo que eu fizer
ficará sempre na rede
a libertar-nos da sede
não me olhes só da bancada lateral
desce-me essa escada e vem deitar-te na grama
vem falar comigo como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos jogar”

quarta-feira, setembro 27, 2006

Inquérito

O estádio da Luz não é propriamente o ponto de encontro da mais fina flor da cultura portuguesa. Não é porque não é e não é porque também não é suposto ser. A heterogeneidade faz parte da nação benfiquista, e o estádio da Luz é a pátria dessa imensa nação. Não se estranha portanto a proliferação de figuras ímpares, também conhecidos por cromos difíceis. Em seis milhões, é muito alta a probabilidade de existirem cromos difíceis, aves raras, enfim, autênticas peças de colecção. Foi uma destas que se sentou atrás dos nossos lugares.
A rapariga atrás de nós, que vinha com os pais e tinha uns 20 anos, guinchava como um porco na matança e chamava nomes a tudo o que no relvado mexia. A bola, o árbitro, os jogadores de encarnado, os jogadores de branco, o Cristiano Ronaldo, a Merche, as mães dos jogadores e dos árbitros foram todas saudadas com rasgados elogios por parte da donzela que esperneava aos guinchos atrás de nós. Os pais da moça não se manifestavam com tanto afinco, mas a performance da jovem adulta não lhes causava espanto. “É uma menina com muita vida” deve ser a frase que lhes percorre o pensamento. Não tenho que os condenar, gosto pouco de interferir na educação que os outros dão aos filhos. Se fosse meu filho levava um tabefe que ia parar lá abaixo para poder insultar o árbitro cara a cara.
Ao meu lado, a meio da primeira parte, sentou-se um jovem casal com muito bom aspecto. Até achei esquisito. Nisto o rapaz vira-se para mim, pede desculpa e diz-me, apontando para diferentes zonas do relvado
“Pode-me só ajudar? Quim, Alcides, Luisão, Petit, Simão, Paulo Jorge, Nuno Gomes. Quem mais está a jogar ?”
Eu nem sabia que aqueles eram os nomes dos vermelhinhos lá em baixo, com a excepção do Luisão que é gigante e do Nuno Gomes que tem trejeitos de gaja. Como é que lhe ia fornecer a informação que me pedia ? Que tristeza, preparo-me tão mal para estes eventos. Esquivei-me com o que tinha ouvido no rádio à ida para o estádio
“Pois não cheguei a tempo de ver o alinhamento, mas sei que o italiano pequenino não está a jogar de início e que aquele que foi acusado de dopping também não.” O rapaz olhou para mim com um ar desconfiado, mas continuou o inquérito “E quem é o árbitro?”. Mau mau Maria. Quem é o árbitro ??  Sei lá eu quem é o árbitro. Nem quero saber. Eu nunca conheci nenhum nome de árbitro a não ser aquele careca  italiano que aparece na capa do Pro Evolution Soccer 3 – o Molina , ia mesmo saber o nome do árbitro. “Não faço ideia, mas a miúda aqui atrás deve saber porque está farta de insultar a mãe dele”. Acabei por só dizer que não fazia ideia.  Voltou a olhar-me com estranheza. Curiosamente não me fez mais perguntas até ao final do encontro mas deve ter achado que eu era um Sportinguista infiltrado que tinha conseguido um bilhete para aquele jogo nalgum concurso de rádio. Não penso, tão cedo, voltar ao futebol, mas quando o fizer, juro que vou saber tudo de uma ponta à outra. Até os signos e ascendentes da mãe do quarto árbitro eu hei-de decorar.

terça-feira, setembro 26, 2006

Tudo

... o que vocês querem saber sobre a Bimby e nunca tiveram coragem de perguntar.
Já aqui escrevi sobre este animal da cozinha mas desta vez vou abordar o tema com seriedade. Afinal o que é esta Bimby de que toda a gente fala ?
A Bimby é, primeiro que tudo, um mito urbano. Na sua essência a Bimby é um robot de cozinha.
A Bimby vende-se como as máquinas de aspiração (vulgo aspiradores mas dez vezes mais caros). A diferença está nas vendedoras. Se as máquinas de aspiração são vendidas por Cátias e Tânias do Cacém, as Bimbys são vendidas por Pituchas e Dadinhas da Lapa.
A Bimby tem um copo com umas ventoinhas lá dentro que rodam numa ou duas direcções (consoante a versão da Bimby). Estas ventoinhas que cortam, a partir de agora designadas por pás, rodam algures entre o devagar e megadepressa. Além das pás giratórias, a Bimby tem capacidade para aquecer e para pesar. Aquece até aos 100 graus e pesa até aos dois quilos.
Potencialmente qualquer receita que envolva misturar, triturar, mexer, aquecer, pesar pode ser feitas numa só sessão da Bimby. O universo de receitas varia entre a caipirinha,  a massa de pizza, o recheio de galinha para as empadas, a pasta do leite creme e a sopa de feijão.
Além disso a Bimby tem um chapéu alto que permite cozer a vapor e estufar.
Vejamos o exemplo de uma receita:

Ingredientes:
-          200 gr de açucar
-          250 gr de chocolate em tablete
-          250 gr de manteiga
-          6 ovos
-          50 gr de farinha

Ingredientes p/ cobertura:
-          120 gr. de chocolate
-          30 gr. de Manteiga
-          10 gr. de Leite

Preparação:
Coloque no copo o açúcar, as gemas e a manteiga e programe 5 Min. Temp. 70º, Vel. 4.
Adicione o chocolate, espere que se funda, e misture 20 Seg. Vel. 5.
Adicione por fim a farinha e misture 10 Seg. Vel. 5, ajudando com a espátula, deite numa taça e reserve.
Lave muito bem o copo, coloque o suporte giratório na lâmina, deite as claras e programe 6 Min., Vel. 3.  Envolva à massa de bolo reservada.
Leve ao forno pré- aquecido a 200º durante cerca de 5 minutos.

Para preparar a cobertura, deite todos os ingredientes no copo Bimby e programe 5 Min. Temp.50º Vel.4. Deite por cima do bolo arrefecido.
Se preferir, enfeite apenas com raspa de chocolate ou icing sugar.

Conselho Bimby:
Este bolo coze muito pouco tempo. Mal esteja cozido dos lados, retira-se, pois o interior é como se fosse uma mousse.

Esta receita é um bom exemplo para os limites da Bimby. A Bimby não faz o bolo de chocolate de uma ponta à outra. Se não tiver um forno bem que pode pedir de joelhos, que a Bimby não tem como aquecer o bolo. A Bimby pesa e mistura os ingredientes, e neste caso, como não é preciso aquecer nada a não ser o bolo nem sequer se usa a função da temperatura. Já no caso da sopa a coisa é diferente. A Bimby faz tudo menos descascar os legumes.

A Bimby, tal como os aspiradores tem a mania que é boa, e portanto custa 10 vezes mais que um robot de cozinha (acho que anda perto dos 800 euros).

Existe uma frase, a meu ver sábia, sobre a Bimby que aqui deixo para reflexão:
“Enquanto tiver a minha bimba lá em casa para cozinhar, dispenso a presença da Bimby”

segunda-feira, setembro 25, 2006

Parceria

Para que a Dona Bimby não se encha de peneiras, entrou uma nova menina mimada lá na cozinha. Branca e cúbica

sexta-feira, setembro 22, 2006

De Costas Voltadas

... as já longínquas férias... os Marias ...

Al dente

Ontem experimentei o meu novo espremedor de alhos. De fino recorte técnico, cinco euros, única compra da minha primeira visita a um shopping suburbano da margem sul. Bem catita.
Azeite quente para alourar três dentes de alho espremido. Uma dúzia de gambas descascadas lá para dentro. Sal. Na panela ao lado tagliatelli cozido al dente (al dente demais, um minuto mais não faria mal) e acabadinho de escorrer. Quando as gambas estão bem fritas sem estarem secas, deitar tudo por cima do tagliatelli e em lume brando misturar bem o azeite, o alho, o tagliatelli e as gambarolas. Antes de servir e já de lume apagado, um salpico de manjericão.
As coisas que um espremedor de alhos consegue fazer.  Ainda falam da Bimby.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Apito Coisado

Vamos lá a ver se nos entendemos. O futebol não se dá bem com estas coisas da transparência. Nem nunca vai dar. Isso da transparência é cena para o Badminton , o Ténis de Mesa e para aquela coisa dos OVNIS e das esfregonas em cima do soalho deslizante. O futebol tem árbitros, presidentes, ligas, federações, jogadores, transmissões televisivas, publicidade, espectadores, orçamentos e patrocínios. Uma actividade com tanto peso num prato da balança, não se consegue equilibrar com a verdade desportiva. Não há como.  
Ninguém, no seu juízo perfeito, se surpreende e muito menos se indigna com as influências trazidas a lume pelo apito coisado.  É inimaginável pensar que não existem cordelinhos para puxar. O futebol tem tanto cordelinho que mais parece uma renda de bilros. A única novidade está na ponta solta que passou cá para fora. Não nos iludamos, a prática é tão corrente, tão corriqueira, tão tipicamente Portuguesa, tão na onda do “faz-me lá um jeitinho“, que não passa pela cabeça de ninguém fazer rolar cabeças apenas e só pela prática do nacional porreirismo.
Sugiro que façamos tudo à luz do dia, que a renda de bilros seja montra para todos nós. Peço veementemente que se realizem, em vez de sorteios, leilões de árbitros. Cada Clube oferecia o que podia por determinado árbitro e quem oferecesse mais levava o árbitro para o seu jogo. Até se podiam abrir os leilões a particulares, garantir transmissões televisivas, votar por SMS, ter números de variedades a intercalar cada árbitro. Ainda podiam doar parte dos lucros a instituições de caridade, e que bem que ficava um gesto destes.
Pensem nesta sugestão e deixem-se dessa mariquice de se sentirem enganados quando  pagam dinheiro para ver um jogo de futebol ou uma transmissão codificada.

Tempestade em Copo de Gin

O Gordon sempre chega ao arquipélago. Atrasado e diminuído. Ironicamente, este furacão tem nome de gin, tónica dominante do Peter’s. Não conheço o bar nem nenhuma das ilhas de qualquer grupo. Conheço-lhe o Gin Tónico. Peter’s. Mais uma vez o Trovante e o último disco ainda por digerir, as minhas próprias tempestades
“Há quem tema por nós assim
Quando os barcos partem por fim
Há quem tenha os braços fechados
Com beijo jurado
Eu voltarei pra ti”
O Gordon vai chegar discreto ao continente, quase brisa. Nunca vou entender o meu fascínio por tempestades de chuvas e ventos. Mas gosto de as ver passar. Talvez aqueles dois dias sem escola quando os ventos desalinharam a cidade, e o mar despenteou Cascais, fazendo-a perder a compostura. Uma vila costeira no atlântico não deve andar sempre de saltos altos.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Agulha no Palheiro

Hoje, pela hora de almoço, recebi um telefonema de um amigo que me relatou que no programa da manhã da SIC, a Caixa de Costura tinha sido mencionada, por motivos pouco abonatórios, a propósito deste post sobre a mãe do rock português.
É preciso ter azar. Eu escrevo rores de artigos sobre coisa nenhuma, e a Caixa de Costura lá muito sossegada no seu cantinho. Cada vez que aproximo da fronteira do razoável, sou logo descoberto.
Nããããã. Se calhar era o meu amigo a entrar comigo e no programa da Fátima Lopes não falaram sobre este Caixote do Lixo.
Pelo sim pelo não, cabe aqui dizer que chamei poeta zarolho ao José Cid com o mesmo carinho com que chamo pequenas bestas aos meus filhos a quem tanto amo (Marias, se alguma vez lerem isto, o pai depois explica a história das pequenas bestas).

sexta-feira, setembro 15, 2006

Obrigados

A inteligência emocional anda na moda, a ponto da revista Sábado juntar à sua edição semanal sete livros dedicados ao tema. Um dos sinais externos de inteligência emocional é a auto estima, e neste ponto cabe-me aqui expressar admiração e homenagear três classes, que batem qualquer uma das outras aos pontos. A classe política, a classe arbitral e a classe dos colaboradores da TV Cabo. Se houvesse um Nobel da auto estima, os indivíduos destas classes batiam qualquer concorrente com larga vantagem.
Esta gente vê o seu nome constantemente a ser arrastado na lama, são diária e publicamente enxovalhados, as mães deles são insultadas dezenas, centenas, milhares de vezes por dia, e isso não os impede de todos dias se levantarem cheios de energias para enfrentar mais uma jornada. Sabem que vão durante as várias horas que se seguem vão poder ler e ouvir palavras nada amigáveis, dirigidas a si e à classe que representam. Esta gente enfrenta a vida de peito feito e chega a casa com a sensação do dever e da missão cumprida. Estas mulheres e estes homens são heróis da nação e da auto estima. Qualquer variação nos elevados níveis de auto estima os faria saltar da ponte abaixo, mas eles insistem a fazer orelhas moucas ao insulto gratuito, e transformam cada adversidade numa verdadeira oportunidade.
É por tudo isto que os nossos políticos ocupam os mais distintos cargos na cena internacional, que os nossos árbitros estão em todas as competições internacionais até à final e que a TV Cabo é um exemplo para qualquer prestadora de serviços no mundo. É por isto que se a Maria Gracinda da Assistência a Clientes fosse presidente da Câmara de Felgueiras, se o Bruno Paixão fosse atender clientes de humor alterado e se a Fátima Felgueiras fosse arbitrar derbys, ninguém ia dar muito pela diferença.
Uma última palavra para a coragem dos colaboradores da TV Cabo, ao contrário dos outros dois, esta gente, quando se desloca em viaturas oficiais, fá-lo sempre em viaturas devidamente identificadas com o nome TV-Cabo visível a mais de 100 metros. Auto estima e coragem. Proponho que no próximo 10 de Junho, esta rapaziada seja condecorada com a Grã Cruz da Ordem de Cristo.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Parabéns

Atrasados a este blog, que perfez 3 primaveras.
Como o seu autor, também este blog é virgem.

quarta-feira, setembro 13, 2006

SMS

Não te tenho em grande conta Aníbal, mas, a ser da tua autoria, ainda mais genial se torna a frase “(...) a segurança é a torre gémea da liberdade.” A frase faz parte da mensagem enviada para o Bush, no passado 11 de Setembro.
Duvido que o inteligente do lado de lá consiga percebê-la.
“Security is the twin tower of liberty ???? This Portuguese must be crazy. The twin tower was the other tower, right? … let me see  … the liberty is a state in the small island. One must catch the ferry to get there. This guy is nuts. Let me see his name. Hannibal? Somehow this name remembers me something … Hannibal … Hannibal”

terça-feira, setembro 12, 2006

Onze do nove

Passados cinco anos, as mesmas imagens a forçar entrada, sala dentro. Desfazem-me o conforto do sofá. Parem com isso. Dão-me sempre que pensar as imagens. No desespero das pessoas, no medo, e naquela mescla de tanta gente que, num repente, se une na cicatrizarão da gigante ferida. De Nova Iorque sempre pensei “Qualquer que seja a pessoa que se imagine, por estranha, peculiar ou maravilhosa que seja, consegue-se encontrar nesta cidade”. Foi isso que me impressionou. O mundo inteiro, numa só ilha. Uma espécie da Terra do Nunca.
Sempre a mesma história na minha cabeça quando penso no 11 de Setembro. A das crianças que ao fim da tarde, não tinham nenhum dos pais para as ir buscar à creche ou ao infantário.
O discurso do presidente faz-me olhar para a outra América. A América de Bush e da sua Administração. A polícia arrogante, autoritária e provinciana do mundo, esse enorme Texas. A América da hipocrisia moral. A América incapaz de olhar o próprio umbigo de ver os próprios pés. De tão obesa, de tão imóvel, tão cheia de escaras. O mundo seria um lugar tão melhor se a gorda decadência invertesse o foco para dentro com a mesma energia com que o faz para fora.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Hoje



Tu és, divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus esculturada
E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
Em todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção da tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer.

MÚSICA: Rosa
AUTOR: Pixinguinha

quarta-feira, setembro 06, 2006

Gosto de rimas, pois gosto

O futebol luso na Europa do Norte, o Filipão não acredita na sorte, aqui reina a confusão do sobe e desce de divisão, chamem a Fifa para conferir o peso da mão, o calor de quarenta graus está de partida, o Freddy faria 60 não fora a SIDA, os voos secretos da CIA, fazem estragos na aparente acalmia, da política nacional, Guantanamo no destino, a vergonha ocidental. Finalmente nasce menino, imperador no sol nascente, a Marisa Monte voltou, vou tê-la mesmo à frente, a cantar (quase e só) para mim. Fim.

terça-feira, setembro 05, 2006

Pontos de Vista

- Vamos embora
- Vamos. Vou trocar de fato de banho. Passa-me aí essa toalha.
- Estamos numa praia em que metade das pessoas são nudistas, não te vais pôr a trocar de fato de banho com toalhinha, pois não ?
Viro-me de costas para o grupo tiro o fato de banho e quando me inclino para apanhar o outro
- ENAAAA PÁÁÁÁÁÁÁÁÁ. O PAI TEM PÊLOS NO RABO

segunda-feira, setembro 04, 2006

O Império Contra Ataca


O café Império reabriu fez sexta-feira uma semana. Aparentemente, a pretensão da IURD de transformar a sala em mais um local de culto, não foi avante e eis que reabriu sob nova gerência. Parece que muitas vozes se levantaram para impedir a queda do Império, e que o resultado de tudo isso foi uma renovação do espaço, com alguns conceitos interessantes. Manteve-se algum pessoal da mesa e da cozinha, pelo que o bife à Império também. Juntaram-se mais empregados, renovou-se
cozinha e balcão, criou-se um espaço para Café_Bar_Concerto e outro para crianças. Os empregados, desacostumados de tanta gente, viam-se aflitos para dar conta do recado e comentavam entre si “Há quanto tempo, isto não tinha tanta gente”.
O espaço pareceu-me engraçado, mas desconfio que não pega, e não há-de tardar até retomar a agitação de há um ano atrás: mortiço excepto no almoço de Domingo (talvez me engane). O bife, confirmei-o, continua a ser o melhor de Lisboa.
Mais uma coisa. Se levar filhos pequenos, evite lugares junto à varanda para o piso inferior. Se não conseguir evitar os lugares, evite garrafas de água nas mãos dos seus filhos. Se não conseguir evitar a garrafa, evite que ela esteja cheia. Se não conseguir, evite que ele a poise no corrimão da varanda. Se mesmo assim não conseguir evitar tudo isto evite que ela caia em cima da senhora que está sequinha a almoçar tranquilamente lá em baixo. Eu só evitei a parte do “cair em cima” , substituindo-a por “explodir aos pés”.
É inacreditável a quantidade de adrenalina que as pessoas de idade ainda conseguem produzir.
Na foto do novo Império, a amarelo, está marcada a trajectória da garrafa.