quarta-feira, junho 20, 2012

Zarolhos

As agências financeiras internacionais entretêm-se a rever os ratings dos países europeus, dos bancos europeus, das empresas dos países europeus e das regiões dos países europeus, sem grande preocupação seja na fundamentação das suas apreciações seja nas consequências das mesmas (a menos que tenham algum interesse menos transparente na degradação financeira dos países da zona euro). Segundo estas agências, a europa converge para a categoria de lixo o que, convenhamos, é deselegante e não dá jeito nenhum, sobretudo em Lisboa, que até pararam com a recolha de lixo e estou convencido que foi por não estarmos preparados para a reciclagem de espanhóis e irlandeses. Ora os países, a banca, as empresas e as regiões classificadas por estas agências até podem ter algumas dificuldades financeiras, mas em contraciclo têm história, valores, capital intelectual, iniciativa, cultura e pessoas com valor e algumas com princípios, o que, para uma agência financeira mais do que lixo, é um luxo. Pasme-se, que lixo e luxo só diferem numa letra que no teclado estão mesmo ao lado uma da outra e, como todos sabemos, estas agências escrevem todas em português. O que aconteceu é que eles queriam dizer luxo mas acertaram na tecla errada. São vesgos portanto. Sofrem da mesma doença que o Cristiano Ronaldo sofreu até ao jogo com a Holanda. Zarolhos com mau feitio. A solução é pôr a Moody's, a Standard & Poor’s e a Fitch a jogar contra a Holanda e vão ver que calibram logo o olho director e lhes passa a síndrome dos olhos linearmente independentes. Acertem lá na porcaria das teclas, que nós agradecemos. E se quiserem rever algum rating aqui da Europa, esperem pelo festival da Eurovisão que tem sempre muita oferta para as vossas apreciações. Ou dêem cotação à balofa alemã, assim do ponto de vista do utilizador.

quarta-feira, junho 13, 2012

Rentrée

Finda a época futebolística e a primavera, parece que os jogadores iniciam a época das separações e dos divórcios. Passeio os olhos por um quiosque e deparo-me com revistas cor de rosa que falam de traições, amuos, desilusões. Rui Patrício e Djaló pelo menos. A dúvida constrói-se em mim de forma persistente. A ser verdade, o Djaló e a Lucy vão divorciar-se ou djyvurkiarçe ?

segunda-feira, junho 11, 2012

Forget it

Sr Primeiro Ministro de Inglaterra Serve a presente para manifestar a minha solidariedade com o facto de estar a ser alvo de indignação generalizada por se ter esquecido do seu filho no restaurante e só ter dado por isso em casa 15 minutos depois de ter saído do restaurante. Também já me aconteceu, e não é nada de outro mundo. Acontece. 7 crianças e 5 adultos, um rácio até equilibrado para a época. À saída do restaurante, o do meio vai à casa de banho. Uns ainda no restaurante, outros na rua, começamos a dirigir-nos até aos carros. A meio do quarteirão da frente: "O Loiro ?" "Não está com as primas lá à frente?" "Julguei que estavas com ele" "Também eu, julguei que estava contigo" Varrida a rua com um olhar rápido, lá chegamos à conclusão que ficou para trás. Quarteirão no sentido inverso e lá vem ele rua fora ter connosco. Nem fizemos comentários aparvalhados, embora tal cenário não fosse impossível: "Deve ter encontrado um café onde está a dar o jogo do Sporting" "Se calhar foi comprar tabaco" "Ou uma cerveja" "Já lhe disse para largar as drogas" Olhe senhor prime minister, só não acontece a quem não cá anda. O nosso primeiro ministro ainda é mais cabeça no ar que o senhor, ainda há um ano fez uma série de promessas e por muito que seja lembrado, o raio do catraio não há maneira de se lembrar delas. E as pessoas gostam muito de comentar estes pequenos lapsos. Há duas décadas que, por altura da quadra natalícia, não perdem o "Sozinho em casa". Há duas décadas que acham graça ao caos da família em viajem, deliram com o miúdo a fazer a vida negra aos atrasados mentais dos ladrões e deixam cair uma lágrima quando a mãe reencontra o fedelho no Rockfeller Center. Sempre sempre a mesma coisa. Quando a vida imita a ficção, por quinze minutos, cai o Carmo e a Trindade. No seu caso falls Picadilly and Trafalgar. Vá lá dormir descansado. Forget it.

terça-feira, junho 05, 2012

Euro2012

Devo estar distraído e aparentemente a selecção está a candidatar-se a património imaterial da humanidade sem que eu soubesse. Só isso justifica a quantidade de horas de emissão sobre a selecção e o seu exigente quotidiano. O que comem, o que bebem, o que fazem nos tempos livres e nas folgas, que carros têm, com quem andam, o que os diverte, o que os fascina, se são recebidos pelo presidente, se o tratam por você, quantas horas de vôo até à ucrânia. Horas de notícias, litros de tinta sobre este tema. Só presenciei tanta atenção a um tema em duas ocasiões: "Os 50% do Pingo Doce" e a "candidatura do fado a património mundial da humanidade". Embora até aprecie algum fado, foi tamanha a dimensão do fenómeno, que esgotei a quota de 2011, 2012 e 2013 para fado, tudo num só mês. Perante estas duas hipóteses, excluo o facto da selecção estar a repetir o fenómeno 50% do Pingo Doce. A selecção a 50% já aconteceu várias vezes e nunca foi motivo para tamanho frenesim jornalístico. Não interessa porquê, porque Saltillo, porque Coreia Japao ou porque o cão estava a olhar, a verdade é que 50% não é novidade para a selecção. Assim sendo, resta a hipótese do património imaterial da humanidade. Está bem que tem um par dos melhores jogadores do mundo, mas será caso para ser património imaterial da humanidade? O João Pereira deve ser património mundial de alguma coisa ? Do bom feitio, só se for. Santa paciência. Toda a gente comenta o Gaspar por ele ser o mais monocórdico dos ministros a falar, mas já viram como o Ronaldo fala ? E o mais triste, é que precisamos mais do talento do Gaspar que do do Ronaldo. Por muito que uma boa figura no Euro nos sabia muito bem, nós precisamos é de boas figuras no €uro. Rapazes, ide pois à Ucrânia e à Polónia e façam-nos mais felizes, mas sem que para isso tenhamos que saber que pasta de dentes usam, que carro têm, se pediram licença para se levantarem da mesa e se gostam mais de playstation ou de xbox. Façam o que têm a fazer e façam-no com brio. Nós aqui fazêmo-lo todos os dias. Por vezes sai-nos mais Moldávia, outras vezes Turquia e outras tantas Espanha, mas sempre com brio. Façam o mesmo que nós já ficamos satisfeitos se não regressarem com um traumatismo Ucraniano. A maioria dos Portugueses gosta muito de vos ver jogar, mas não está minimamente interessada em saber o que dizem os olhos do Bruno Alves, nem nas superstições do Patrício, nem no jogo de consola favorito do Coentrão. Antes fado caramba ...