terça-feira, setembro 12, 2006

Onze do nove

Passados cinco anos, as mesmas imagens a forçar entrada, sala dentro. Desfazem-me o conforto do sofá. Parem com isso. Dão-me sempre que pensar as imagens. No desespero das pessoas, no medo, e naquela mescla de tanta gente que, num repente, se une na cicatrizarão da gigante ferida. De Nova Iorque sempre pensei “Qualquer que seja a pessoa que se imagine, por estranha, peculiar ou maravilhosa que seja, consegue-se encontrar nesta cidade”. Foi isso que me impressionou. O mundo inteiro, numa só ilha. Uma espécie da Terra do Nunca.
Sempre a mesma história na minha cabeça quando penso no 11 de Setembro. A das crianças que ao fim da tarde, não tinham nenhum dos pais para as ir buscar à creche ou ao infantário.
O discurso do presidente faz-me olhar para a outra América. A América de Bush e da sua Administração. A polícia arrogante, autoritária e provinciana do mundo, esse enorme Texas. A América da hipocrisia moral. A América incapaz de olhar o próprio umbigo de ver os próprios pés. De tão obesa, de tão imóvel, tão cheia de escaras. O mundo seria um lugar tão melhor se a gorda decadência invertesse o foco para dentro com a mesma energia com que o faz para fora.

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