quinta-feira, setembro 29, 2005

Abracadabra

Toda a magia tem os seus perigos. Aquela que costumas ver no canal Panda parece fácil de controlar mas não é bem assim. Existe sempre a forte possibilidade do feitiço se virar contra o feiticeiro, e nesse caso os dissabores são evidentes. É neste contexto, que sinto necessidade de te explicar meia dúzia de verdades:
  1. As portas mágicas, na realidade não o são. Não é por dizeres abracadabra aos berros no meio da rua que elas começam a girar. Existe uma célula que detecta a tua minúscula presença e que acciona o mecanismo que a faz girar.

  2. Quando se entra para dentro da porta é necessário acompanhar o movimento que ela faz. Não é suposto ficar ali parado no meio à espera de levar com um chapadão da parede de vidro que avança perigosamente na tua direcção.

  3. A saída da porta implica que tu te movimentes. Meia volta se quiseres entrar. Uma volta completa se quiseres voltar para a rua. Essa história de saíres no preciso momento em que a fresta para a rua tem exactamente a dimensão do teu crânio pode ser considerado suicídio.

  4. A senhora do Millenium BCP não gritou por ter achado fantástica a magia que fizeste com a porta. Gritou quando se apercebeu que ias ficar entalado a saíres daquela maneira.

  5. O gerente do banco não é nenhum mago com poderes ocultos que veio cá fora para combater a tua magia. O senhor só veio verificar que tinhas saído com vida daquela brincadeira e veio avisar-me do perigo que representa a utilização de portas rotativas por parte de crianças quando não acompanhadas por adultos.

  6. Qualquer que seja a entidade divina que te permitiu escapar ileso e por milímetros ao entalanço mágico tem obviamente uma vida demasiado ocupada para estar sempre a fazer marcação cerrada aos teus movimentos. Tenta dar-lhe algum descanso.

  7. O facto de tudo isto acontecer quando a máquina ao lado da porta estar a cuspir o dinheiro que eu tinha pedido e o António estar a tentar agarrá-lo não me retiraria muita responsabilidade, mas às vezes ainda sinto dificuldades a controlá-los aos três quando estamos sozinhos na rua.

  8. Se voltas a fazer uma destas, acabaram-se as idas à porta mágica, aos peixinhos do lago, ao café das sanduíches aparadas e à escola pelo caminho da floresta e das rampas. Pelo menos quando estiver sozinho com vocês todos.

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