quarta-feira, agosto 29, 2012

Carta ao Vitor Gaspar


Exmo. Sr. Ministro das Finanças

No âmbito das recentes notícias que dão conta do desaparecimento de mais de duas centenas de milhar de crianças das declarações de IRS, serve a presente para o informar que os três dependentes menores de vinte e cinco anos que declaro anualmente, se encontram esta semana numa colónia de férias, pelo que, caso os seus serviços de verificação de dependentes visitarem a minha residência fiscal com o intuito de validar a existência dos mesmos, o devem fazer na referida colónia.

Gostaria ainda de saber como posso obter número de contribuinte, e as respectivas deduções fiscais , para todos os elementos da coleção de Gormittis e dois coelhos de peluche ou lá o que é aquilo, uma vez que coabitam  na minha residência.

Percebo que esteja muito ocupado à procura das 200 mil crianças em falta, mas vossa Excelência não se preocupe que ainda vai agradecer este contratempo. Às vezes quando andamos a procurar uma coisa acabamos por achar outra perdida há mais tempo, pelo que tenho muita fé que é desta que vão encontrar a pequena Maddie e os documentos em falta da compra dos submarinos. Olhe Excelência, se encontrar a factura da balança do Pingo Doce que comprei quando a minha mulher foi de viagem, agradeço-lhe, porque a porcaria da balança gasta duas pilhas por semana e aquilo tem que ser trocado e não há maneira de encontrar a porcaria da factura.

Sem outro assunto despeço-me atenciosamente.

Por acaso ainda tenho outro assunto. Trata-se na realidade de uma dúvida. Antes do acordo ortográfico Vossa Excelência chama-se Vítor ou Victor ? Agradeço antecipadamente o esclarecimento.

sábado, agosto 04, 2012

Os jogos

Portugal não tem perfil para esta coisa dos Jogos Olímpicos. Aquilo é tudo levado muito a sério e tem muito pouco de desenrasca. Os americanos e os chineses vivem enclausurados em centros de alto rendimento durante anos para chegarem lá e fazerem a triste figura de se atascarem a tudo o que é medalha, deixando algumas migalhas para outras nações. Ora os portugueses não são moçoilos para levar uma coisa que é amadora como se profissional se tratasse. Os portugueses vão lá aos centros fazer uns biscates sempre que podem e fazem-no com toda a boa vontade, que afinal de contas aquilo é amador não é profissional. E ainda bem, porque se fosse profissional, com estes resultados e com a nova lei laboral, já estava tudo no olho da rua.  Há modalidades que em princípio nos dão maiores esperanças. O Judo à partida tem mais a ver connosco porque se trata de dar uns safanões agarrando as lonas que os adversários vestem, mas até neste caso a coisa corre menos bem porque não deixam nem puxar cabelos, nem dar uns tabefes, nem tampouco insultar a família dos adversários. Já fizemos boa figura no atletismo, mas não me venham cá com lançamentos do disco, e do dardo ou com saltos. Nós sabemos correr, às vezes, porque esperamos sempre pela última hora para fazer as coisas e depois vamos a correr fazê-las. A correr é que somos bons, às vezes, ao contrário desse disparate de atirar coisas longe. Convém dizer que os tipos dos jogos também não nos ajudam em nada porque não há maneira de incluírem nas modalidades olímpicas, o jogo da malha a beber umas bejecas . Deviam fazer um esforço para se aproximarem das nossas competências amadoras, e deixarem-se destas coisas muito técnicas porque assim  temos tendência a não aparecer nas provas, ou a cair dos trampolins, ou a adormecer a meio das provas. Eu já nem falo de incluírem pegas de touros porque aí é que íamos ver quem é que era mais medalhado, se o Michael Phelps se os Forcados Amadores do Aposento da Chamusca.